A responsabilidade social e ética tornam-se efetivas dentro das organizações, quando assumem caráter executivo, uma vez que refletem a visão da coletividade organizacional e dependem desse corpo letivo para se realizarem. Dessa forma, vê-se a necessidade da manutenção da ética e transparência das organizações de modo que haja a reunião de todos participantes, ao passo que, no contexto de mercado a única certeza é a incerteza de estabilidade econômica e a ética deve ser mantida para que não haja transtornos sociais consoante a crises.
A ética relaciona-se com a moral cuja etimologia é hábito, que é o agrupamento de costumes adquiridos ao longo da vida e cristalizado no comportamento. A ética, então, é modo de se executar os valores morais sendo o equivalente à tradução da moral em atos fornecendo consenso sobre o melhor para o indivíduo e para o meio ao qual está inserido.
Partindo desse princípio, no contexto das organizações, pode-se conjecturar duas manifestações éticas: A ética egocêntrica e a ética universal.
A ética egocêntrica foca-se no interesse individual e na prioridade do autobenefício. A ética universal foca-se no indivíduo e na coletividade, no pressuposto de que o crescimento do todo beneficiará também o individual. Conforme o filósofo Thomas Hobbes, o homem, em seu estado natural, está sempre apto a competir com seus semelhantes visando o lucro e o aproveito próprio, esse fator evidencia a ética egocêntrica desde os primórdios do iluminismo, cujas ideias e geração de conhecimentos ganharam mais liberdade. No século XIX, Friedrich Hegel apresenta a determinação da ética por meio de relações sociais, acarretando na submissão da vontade subjetiva à vontade social, essa fator caracteriza a ética universal.
No âmbito organizacional, pode-se dizer que há uma ética de serviços e funções, no qual o homem privilegia serviços e pessoas, o primeiro pela maneira de sua produção e sua qualidade e o segundo pela transparência e solidariedade. Sendo assim, há uma relação simbiótica quando coloca-se em prática a ética universal.
Peter Drucker, considerado pai da administração moderna, julga uma empresa como bem sucedida quando esta agrega conhecimentos tecnológicos e organizacionais, estes combinam-se em atitudes de uma rede de pessoas com objetivos iguais e com a ética como sustentação. Até mesmo o Papa João Paulo II em sua Encíclica Centesimus Annus, relata a importância ética correlacionada a rede de pessoas: "A finalidade de uma empresa não é somente a produção de benefícios, mas principalmente a própria existência da empresa como comunidade de pessoas que, de diversas maneiras, buscam a satisfação de suas necessidades fundamentais e constituem um grupo particular a serviço da sociedade inteira." Sendo assim, as visões de Peter Drucker e o Papa João Paulo II narram a importância do homem como fim e não como meio, afinal a produção de bens e serviços são para o suprimento de necessidades humanas.
A insaciabilidade por lucros contábeis transforma as relações sociais dentro das empresas em relações de mercadorias, esse fato tem seu apogeu quando as organizações enxergam trabalhadores como máquinas produtoras e os demais como consumidores, o que atrai a atenção dos ergonomistas para o preenchimento de uma lacuna vazia de ética e egocêntrica.
Torna-se arcaico e contraproducente, nos dias atuais, a idéia de que a organização é uma sociedade de regras hierarquizadas cujo fim é a obtenção de trabalho e lucros; Um ambiente de operação entre membros de uma equipe focada em atingir um objetivo comum, a redução da hierarquia de comunicação e relações fraternas constituem essências para a prática da ética universal.
Bibliografia
HOBBES, Thomas. “Leviatã”, “Da condição natural da humanidade relativamente à sua felicidade e miséria.”.Os pensadores, Ed. Abril, São Paulo, Pág.75, edição 1979.
Gabriel Silveira
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